das locomotivas abandonadas no deserto de sal, da poeira levantada pelo pneu do bugre, das minhas unhas sujas, das marcas de todos os carros em linhas curvas, da maquiagem esquecida na bolsa, da garrafa de rum pra mais tarde, do nosso rolé noturno pra fumar, do bar com vinis na parede, do cara que bebe duas a cada dose vendida, do cara que aponta saturno ao casal de americanos, do que se revela ao piscar da luz vermelha, dos escritos com o único galho encontrado, dos escritos apagados com o vento, dos sobrescritos com o pé, da cárie manifesta em dor, da dor não diagnosticada, dos dentes amarelos do motorista também fumante, das milumestórias que ele conta pontuando com os dedos, da curiosidade total sobre o papo das alemãs, da suspeita de sede na garganta delas, do vermelho recortado pela janela, do incômodo da cutícula inflamada sob o tênis fosforescente, da unha ruída até o sabugo, da maquiagem já perdida na bolsa, da maquiagem coberta de areia, da água salina que não mata sede, da garrafinha de plástico 1 dólar, do gaguejar do portunhol, do sonho de nós dois fugindo da polícia - mesmo no deserto, o seu celular gravou um aperto no abdômen
, eu perguntava se era possível um plano de cinema câmera fixa enquanto tropeço na escada irregular se estamos mesmo lá diante do coelho de laboratório que você insistiu em fotografar enquanto não foge qual o sentido de viajar assim colado na pele,
do fotômetro desregulado, da oscilação das nuvens, da dúvida entre tirar ou pôr o casaco, da comida mal descongelada, do fone do ouvido esquerdo quebrado, das falhas no sinal da operadora latino americana, da dificuldade de enquadrar a montanha e a laguna inteiras numa só foto, da vista apertada pelo sol, da lente suja do óculos escuro, dos golpes brutos da cadeia hoteleira erguida sobre a areia, das placas de sinalização, da avenida imaginária traçada pela comitiva do embaixador, dos seus seis carros blindados em fila indiana, das tentativas de conversa com o vendedor de artesanato local, do burburinho das línguas indígenas, da desconfiança de um "sí, sí" hesitado, do medo de se perder lá por perto dos cactos, dos sósias em treinamento pro super produzido desastre, da sua cara de susto, dos seguranças da comitiva do embaixador, do que se revela com o piscar da luz vermelha, do sonho de nós dois fugindo da polícia - mesmo no deserto, o seu celular gravou
, eu perguntava se era possível um plano de cinema câmera fixa enquanto tropeço na escada irregular se estamos mesmo lá diante do coelho de laboratório que você insistiu em fotografar enquanto não foge qual o sentido de viajar assim colado na pele,
do fotômetro desregulado, da oscilação das nuvens, da dúvida entre tirar ou pôr o casaco, da comida mal descongelada, do fone do ouvido esquerdo quebrado, das falhas no sinal da operadora latino americana, da dificuldade de enquadrar a montanha e a laguna inteiras numa só foto, da vista apertada pelo sol, da lente suja do óculos escuro, dos golpes brutos da cadeia hoteleira erguida sobre a areia, das placas de sinalização, da avenida imaginária traçada pela comitiva do embaixador, dos seus seis carros blindados em fila indiana, das tentativas de conversa com o vendedor de artesanato local, do burburinho das línguas indígenas, da desconfiança de um "sí, sí" hesitado, do medo de se perder lá por perto dos cactos, dos sósias em treinamento pro super produzido desastre, da sua cara de susto, dos seguranças da comitiva do embaixador, do que se revela com o piscar da luz vermelha, do sonho de nós dois fugindo da polícia - mesmo no deserto, o seu celular gravou
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