Anna Karina em "Une femme est une femme", Godard, 1961
ainda quero um filho seu
nomes exóticos
placa de estrada
capa de livro
instantânea
a superfície interessa
deixei guardado na caixa
sobre a mesa, o mistério interior
segue em anexo a imagem:
procurei pelos caminhos de Ana
pontes sobre o rio Senna
também ela me levou à Paris
só me interessa a densidade
do ar
usarei sobretudo nos dias de neve
você é muito bonito
lendo o livro da capa azul
verifica-se em alta intensidade
chique melancolia
o vazio é disfarce discreto
atrás de disfarce indiscreto
um segundo antes
do fôlego se concretizar
perdido
não importa se gosta de jazz
tem medo de barata
estala os dedos de manhã
também eu não ligo pra jazz
está resolvido: não confronto mais clichê
reproduzo discursos escondida
atrás da porta
pra dar susto na mamãe
te vejo apressado
através do vidro chuvoso
a me abandonar na estação de trem
uma maleta de couro, braço estendido
já te amo, te puxo
pela barba
arranco sua roupa
a elipse é a morada do cinema
podemos fumar um
tomar um
café depois
mandar o reflexo pra revelar
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